Dedico este texto à todas as garotas que já foram de papel, mas que hoje sabem o quão forte são.
Há um tempo atrás, conheci uma garota que não era uma garota qualquer. Ela era uma garota de papel. Sabe, tipo aquela que a Margo cita em Cidades de Papel? Então. Ela era assim. Era bonita como um caderno de desenhos, mas frágil como quando um papel cai na água. Lembro quando corri atrás dela pelos corredores da escola, meus olhos brilharam quando vi que estava lendo um livro da Jane Austen. Uau. Jane Austen. Ela tinha muuito bom gosto. Venci o medo e fui até ela. Perguntei se ela gostava do livro. Ela diz que adorava. E naquele momento, tive a certeza de que seus olhos brilharam na mesma intensidade que os meus. E a partir daquele dia, uma amizade começou. Mas não uma amizade comum. Uma amizade de duas pessoas que se entendiam. Que se amavam. Que desviava de todos os conflitos para permanecermos juntos. Intactos. Como um papel de parede que ilumina tantos quartos por aí. E durante muito tempo, fui feliz. Conheci uma garota maravilhosa. Ela não era perfeita. Não era extremamente magra. Nem extremamente gorda. Não tinha olhos azuis e não era a rainha da Inglaterra. Mas era uma garota maravilhosa. Que me fazia me sentir. Uma garota que sonhava os meus sonhos, que me ajudava a conter minha ansiedade, que estava me indicando sempre um livro novo. Ela era uma garota de papel. Mas mal sabia ela que, de papel, não tinha nada. Ela era invencível. Imbatível. Mas, tudo bem, a essa altura do campeonato, ela já deve ter percebido isso. Que saudades... saudades de uma garota incrível. Saudades de alguém que me entendia. Saudades. Saudades...